Flávio Amaral, pastor evangélico que se identifica como “ex-travesti”, é alvo de investigação do Ministério Público de São Paulo (MPSP) após a morte de Letícia Maryon, uma jovem de 22 anos, durante um processo de “destransição” e “cura gay” que ele supervisionava.
Amaral é conhecido por seu trabalho com ex-usuários de drogas e pessoas que buscam “recuperação” após experiências com a homossexualidade, apresentando-se como um exemplo de transformação espiritual e social.
O caso ganhou repercussão nacional, com denúncias encaminhadas pelo PSOL, representado pela deputada federal Erika Hilton e pela deputada estadual Amanda Paschoal. Elas solicitaram que o MPSP investigue o pastor, questionando a metodologia de seus aconselhamentos e a influência sobre Letícia, que estava em um momento vulnerável e em busca de suporte.
O Trabalho de Flávio Amaral e a Questão da “Destransição”
Flávio Amaral é uma figura polêmica por seu trabalho com pessoas que buscam o chamado “recomeço” após experiências com drogas ou homossexualidade. Embora Amaral tenha seguidores que acreditam em seu método de recuperação espiritual, ele enfrenta críticas crescentes de especialistas que apontam que sua abordagem pode colocar pessoas LGBTQIA+ em risco emocional.
O conceito de “destransição”, especialmente quando acompanhado de influências religiosas, é considerado uma questão sensível por profissionais de saúde mental. A morte de Letícia levanta discussões sobre os limites e as responsabilidades de figuras religiosas no aconselhamento de questões de identidade de gênero. Em casos como este, um aconselhamento inadequado pode agravar o sofrimento psicológico dos indivíduos.
Investigação do Ministério Público e Implicações Legais
O Ministério Público de São Paulo examinará o papel de Amaral, especialmente se suas práticas podem ser interpretadas como pressão psicológica ou coerção para que Letícia abandonasse sua identidade de gênero. A prática da “cura gay” é amplamente descreditada e ilegal no Brasil, sendo condenada pelo Conselho Federal de Psicologia desde 1999, o que pode intensificar a situação jurídica do pastor.
A situação revela um dilema complexo sobre a atuação de figuras religiosas na orientação de pessoas em situação de crise emocional. Erika Hilton e Amanda Paschoal argumentam que a influência de Amaral pode ter contribuído para a vulnerabilidade emocional de Letícia, enquanto grupos de direitos humanos expressam preocupação com o possível impacto psicológico das ações do pastor.
Para saber mais sobre a controvérsia em torno da “cura gay” e seus efeitos, acesse aqui.
Debate Social e a Questão da Liberdade Religiosa
Esse caso provoca discussões sobre a linha tênue entre o apoio religioso e a imposição de crenças pessoais, especialmente em um contexto de saúde mental. Na sociedade brasileira, onde a liberdade religiosa é garantida, o limite entre apoio e imposição religiosa é cada vez mais debatido.