Monday, December 23, 2024
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De Coração Ferido à Alma Livre: A Jornada do Perdão

Quando se é profundamente ferido pode ser difícil pensar sobre o perdão. Como perdoar quem, deliberadamente, escolheu magoar, ofender, ferir, usar e mentir? Como perdoar quem nunca pediu perdão?

Perdoar quem errou conosco parece injusto e muito errado. Afinal, entendemos como que perdoar passasse a ideia de aceitação do mal que fizeram, quase como se fosse uma admissão de culpa ou responsabilidade da parte ofendida. E, geralmente, a parte ofendida não merecia tal coisa.

Se assim não fosse não haveria necessidade de perdão. E o pior disso tudo que, na maioria das vezes, não ocorre um pedido de perdão. Aí, chega alguém e diz para perdoarmos.

Durante um tempo, pensei que perdoar era coisa fácil, era só dizer “eu te perdoo” e tudo ficaria bem. Descobri que não era bem assim. Até então, nunca havia sido ferida profundamente. Sim, uma discussão acalorada e palavras ofensivas, podiam ocorrer aqui e ali. Logo tudo se resolvia e o peso da ira não ficava mais que um ou dois dias. Isso é coisa do dia a dia, o mal de cada dia, vamos dizer assim. 

Então, um dia fui apresentada a dor e ela me consumia na alma. Nunca na vida tinha sentido tanta raiva. Não, a palavra correta é ódio mesmo, no seu sentido puro e forte. Posso afirmar que conhecer a Jesus e buscar obedecer a Ele me ajudou muito a não agir conforme o que eu senti, mas não me impediu de sentir e de desejar uma vingança. Sim, ser ferido traz consigo um desejo de vingança e, quando alimentado, esse desejo nunca acaba. E me assustava com os pensamentos que eu tinha porque não me imaginava capaz de ter aqueles pensamentos tão cruéis e devastadores. Fiz terapia e durante o processo entendi que não tinha como dominar meus pensamentos, mas como agir diante deles, estava no meu controle.

Como cristã, ia a Deus em oração, aflita com aquelas emoções que me faziam sentir uma péssima crente e uma pessoa hipócrita. Eu pedi a Deus que me ajudasse a perdoar como Ele me perdoava, porque sozinha eu não conseguiria.

E durante aqueles meses de luta interna e busca pela força e graça de Deus, eu dizia que era injusto demais que estivesse passando por aquilo. Afinal, não tinha plantado aquela colheita! Imagina, meu senso de justiça estava aguçado e me feria mais ainda. Conversando com uma amiga, ela me disse: “Zucleide, quer maior injustiça do que a que Jesus enfrentou por nos amar?”  Aquela pergunta me fez refletir sobre o meu egoísmo e como me sentia orgulhosa de mim mesma, como se eu fosse perfeita. Ok, não errei como erraram comigo, mas não era melhor do que quem me feriu. Diante de Deus eu erro e sou perdoada todos os dias. Entendi que Deus poderia usar aquela dor da traição que sofri como forma de me ensinar a ser crente de verdade, algo que sempre pedi a Ele que me fizesse ser.

Daquele dia em diante, por amor a Deus, eu decidi aprender sobre perdoar e fui àquele que que me perdoou. Entre lágrimas, pedi que Ele me ajudasse a perdoar e amar como Ele fazia comigo, mas que sozinha não conseguiria. E a cada passo o Senhor me ajudou. Eu declarei que perdoava meu ofensor, e mesmo que ainda não sentisse o perdão dentro de mim por aquela pessoa, eu tinha que Deus me capacitaria e logo eu diria aquelas palavras com sinceridade. A sinceridade, naquele momento, era o meu desejo de ser obediente a Deus e perdoar para ser perdoada. E, assim, dia após dia, tendo paciência comigo mesma e orando, sempre que me lembrava da ofensa eu dizia “Eu perdoei. Não me deve nada. Eu abro mão da minha justiça própria porque amo a meu Deus e quero que Ele me perdoe dos meus pecados.” 

E, um dia, Deus derramou dentro de mim uma compaixão pela pessoa de tal forma, que chorei por ela e orei para que voltasse a ter comunhão com o Pai. Foi uma experiência que ainda não tinha vivenciado, não dessa forma. E entendi que o perdão pode até não mudar a vida de quem me ofendeu, mas muda a minha. O perdão é melhor para quem perdoa, uma vez que você fica livre do ressentimento, amargura e dor a cada lembrança, do que para quem te feriu. Sim, você nunca vai esquecer a ofensa, mas também ela não terá mais poder de te fazer sofrer e doer em sua alma. VOCÊ fica livre daquela sensação de injustiça e sente uma paz que vem de Deus. 

Perdoar não significa aceitar o mal e nem conviver com o ofensor, mas é reconhecer que você não vai perder sua comunhão com Deus por conta do mal que te fizeram, é ficar livre de cobrar do outro algo que só te tem feito mal enquanto a pessoa vive a vida dela, você fica preso na angústia e sentimento de vingança. Jesus foi o maior injustiçado porque nos amou.  Você decide perdoar porque ama a Cristo e quer estar com Ele. Afinal, como Jesus disse no sermão do monte, em Mateus capítulo 6, versículos 14 e 15: “Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai Celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens [as suas ofensas], tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas.”

Logo, querido Leitor, não temos escolhas, caso desejemos estar com Cristo na eternidade, devemos perdoar. E, sabe, Jesus é o maior interessado na nossa cura da alma e liberdade. Busque Nele o que você precisa. Se eu consegui, acredite, você vai conseguir.

Graça e Paz de Cristo.

Zucleide Cruz.

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Zucleide Cruz
Zucleide Cruzhttps://autorando.com.br/zucleide-cruz/
Zucleide Cruz é escritora, formada em Administração pelo IFPB e técnica em enfermagem. Atualmente mora em João Pessoa-PB. Mãe de Zuriel Cruz e Elias Cruz (in memoriam), dedica seus textos, como cristã protestante, a promover a cura emocional, inspirar pessoas a realizarem seus sonhos e manterem a fé e a esperança vivas.
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