O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu alta hospitalar no último domingo (4) após 21 dias internado devido a uma cirurgia abdominal complexa, a sexta desde o atentado que sofreu em 2018. Mesmo com recomendações médicas para repouso, Bolsonaro participou na quarta-feira (7) de um ato em Brasília pedindo anistia para seus apoiadores condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. 
Durante o evento, o ex-presidente criticou as penas de até 17 anos aplicadas a seus aliados e afirmou que “não houve violência ou uso de armas” nos protestos que culminaram na invasão das sedes dos Três Poderes. Ele também declarou que “ninguém tem que se meter” na decisão do Congresso sobre a anistia. 
Paralelamente, Bolsonaro enfrenta um novo desgaste político com o escândalo de descontos indevidos em aposentadorias e pensões do INSS. Durante seu governo, ele sancionou sem vetos uma lei que retirou a obrigação de sindicatos comprovarem a autorização dos beneficiários para os descontos. Além disso, autorizou sete associações a realizarem esses débitos diretamente na folha de pagamento do INSS. 
A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmou que a maioria das entidades investigadas por fraudes começou a atuar durante o governo Bolsonaro, rebatendo críticas de parlamentares da oposição que tentam atribuir a responsabilidade ao atual governo. 
No campo jurídico, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu no final de março que Bolsonaro será julgado por tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. A investigação aponta que o ex-presidente e aliados teriam planejado impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, incluindo supostos planos de assassinato de autoridades como o próprio Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes. 
Se condenado, Bolsonaro pode enfrentar até uma década de prisão. Ele nega as acusações e afirma ser vítima de perseguição política. Em entrevista à CNN Brasil, declarou: “Eu não vou fugir do Brasil. Eu podia ter ficado lá [nos EUA], mas vim para cá, sabendo de todos os riscos que estou correndo”. 
Com a saúde ainda em recuperação, o ex-presidente mantém-se ativo politicamente, mesmo estando inelegível. A expectativa é que ele retome sua agenda de viagens em junho, visando fortalecer a direita para as eleições de 2026.