O governo brasileiro aplicou multas de US$ 64 milhões a 23 frigoríficos e seus fornecedores, acusados de comercializar gado criado ilegalmente em áreas desmatadas da Amazônia.
A operação, nomeada “Carne Fria 2”, rastreou aproximadamente 18.000 cabeças de gado em 260 km² de pastos proibidos para uso comercial devido ao desmatamento ilegal. Durante a ação, os agentes apreenderam 8.854 cabeças de gado dentro das áreas restritas.
A pecuária tem sido o principal fator do desmatamento na Amazônia brasileira, com cerca de 90% da área desmatada entre 1985 e 2023 convertida em pastagens, representando mais de 590.000 km² — área superior ao território da França. De acordo com dados do MapBiomas, cerca de 14% da Amazônia já é coberta por pasto.
Jair Schmitt, chefe de proteção ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), enfatizou a importância da fiscalização da cadeia produtiva para responsabilizar os infratores e evitar que o crime ambiental traga lucros.
Entre as empresas multadas está a JBS, que enfrenta pressão nos EUA para listar-se na Bolsa de Valores de Nova York. A JBS recebeu uma multa de US$ 108.000 por comprar gado criado ilegalmente. A empresa nega qualquer irregularidade e afirma que segue uma Política de Compras Responsáveis há 15 anos, com monitoramento geoespacial para evitar compra de gado de áreas embargadas.
O frigorífico Agropam, operando como Frizam na cidade de Boca do Acre, recebeu a maior multa individual, de US$ 493.000, por aquisição de gado de áreas ilegais. Já a Frigol, outra das principais empresas penalizadas, afirmou estar em conformidade com auditorias independentes desde 2021. Mafrico e 163 Beef também foram multadas, mas ainda não se pronunciaram sobre o ocorrido.
1. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama)
Página oficial do Ibama, responsável por regulamentar e fiscalizar práticas ambientais no Brasil, incluindo operações de combate ao desmatamento.
2. MapBiomas
Plataforma de monitoramento da cobertura e uso do solo no Brasil, com dados detalhados sobre o desmatamento na Amazônia.
3. Greenpeace Brasil – Amazônia
greenpeace.org/brasil/amazonia
Organização ambiental com informações sobre a defesa da Amazônia e campanhas contra o desmatamento ilegal.
4. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)
O INPE monitora o desmatamento na Amazônia via satélite e oferece relatórios atualizados sobre a degradação da floresta.
5. World Wildlife Fund (WWF) Brasil – Amazônia
Organização internacional com foco na preservação da Amazônia e de outras áreas naturais, promovendo o uso sustentável dos recursos.