Como podemos mudar e vivenciar novas fases se não reconhecermos que necessitamos de mudança? Como podemos experimentar novas coisas se não percebermos que o que estamos vivendo hoje não nos traz benefícios?
Ao longo da minha jornada, tenho observado que, muitas vezes, o desconfortável se torna normal, passa a fazer parte de quem somos, quando na verdade ainda temos o mais de Deus.Mas não sabemos disso porque a dor e o desconforto já se tornaram comuns para nós. Não conseguimos enxergar essa realidade, porque sempre nos olhamos da mesma perspectiva.
Confrontar aquilo que nos causa dor ou desconforto não é agradável. É difícil, porque isso expõe nossas fragilidades e revela nossa necessidade de buscar ajuda, reconhecendo que somos limitados e propensos a falhas. No entanto, algo grandioso que a Bíblia ensina é que o primeiro passo para a transformação é olhar para dentro de nós mesmos e reconhecer nossa fragilidade.
Jesus nos alerta sobre isso quando diz: “Por que vês o cisco no olho do teu irmão, mas não reparas na trave que está no teu próprio olho?” (Mateus 7:3). Antes de tentar corrigir o outro, é necessário reconhecer e lidar com nossas próprias falhas. Muitas vezes, queremos ajudar alguém, mas também precisamos de ajuda. Porém, por medo de expor nossas fraquezas ou por falta de autoconhecimento, evitamos esse processo.
O apóstolo Paulo reforça essa ideia quando nos exorta: “Examine-se, pois, o homem a si mesmo” (1 Coríntios 11:28). Esse autoexame não é apenas um exercício de reflexão, mas um caminho para o crescimento, amadurecimento e humildade. E essa humildade não se refere à condição financeira, mas à capacidade de reconhecer que sempre precisamos buscar ser melhores — melhores para nós mesmos, melhores para os outros e, acima de tudo, melhores em Cristo.
Ao reconhecer minhas limitações e entender que, em Cristo, posso viver Suas promessas e ser livre, desenvolvo a sensibilidade, através do Espírito Santo, para compreender e acolher as limitações do outro. Pois, se não sei me acolher e não sei a quem recorrer para entrar em um novo ciclo, como terei condições, ainda que com boa intenção, de estender a mão ao próximo? Antes de ajudar alguém, preciso permitir que Deus trabalhe em mim e me transforme.
Isso, porém, não significa que devemos viver presos ao passado. A Palavra de Deus nos ensina a avançar: “Esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo” (Filipenses 3:13-14). O profeta Miqueias reforça que, ao confessarmos nossas falhas diante de Deus, Ele nos perdoa completamente: “Tornará a ter compaixão de nós; pisará as nossas iniquidades e lançará todos os nossos pecados nas profundezas do mar” (Miqueias 7:19).
Deus não deseja que fiquemos presos ao que já passou. Ele nos limpa, cura e nos faz novos, para que possamos viver plenamente os benefícios da Sua graça. Mas, para isso, é essencial entendermos quem somos através de Cristo e o quanto somos amados por Deus. Somente assim podemos experimentar a plenitude da vida que Ele tem para nós.
