Monday, December 23, 2024
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Superando a Dor e a Depressão: Um Testemunho de Esperança e Renovação em Deus

Ontem, dia 28 de novembro de 2024, fez vinte anos que minha vó Maria partiu para a casa eterna. Como gosto de dizer, ela me precede na glória. Ela e meu primeiro filho Elias.

Costumavam ser dias dolorosos e angustiantes, pois essas datas, 28 de novembro e 16 de dezembro, acabavam por trazer lembranças as quais eu lutava para esquecer. Com o tempo, aprendi que quanto mais se luta para esquecer algo, mais ele resiste e se faz presente. E nem me refiro esquecer meus amados filho e avó, mas sim, a dor que a partida deles causaram em mim. Tive que enfrentar dois lutos em espaço de dias muito curtos, e eu não estava pronta para essas perdas, ambas repentinas, e nada pude fazer.

Durante nove anos estive em depressão, enfrentei síndrome do pânico, crises de ansiedade que me deixavam sem dormir. Eu tinha medo de dormir porque pensava que morreria. Sim, era crente, e ainda sou, temente a Deus e buscava ser obediente em tudo. E, mesmo assim, o dia mau chegou. E tive que lidar com aquela dor terrível que foi a perda do meu bebê, que chegou a suplantar a dor da partida da minha avó. 

Até que um dia, ouvi o Espírito Santo me dizer:“Enterre o menino”. Na hora, eu disse: “Mas ele já foi enterrado.”  “Mas você ainda não o enterrou. Em seu coração, você ainda o tem, e se você não o deixar ir, essa dor nunca vai embora.”  Estava próximo do feriado de finados aqui no Brasil. Naquela cozinha, segurando a vassoura (eu estava chorando, no meio da cozinha, perguntando para Deus até quando eu sentiria aquela dor, tanta gente seguia em frente, mas eu não conseguia. E já tinha o meu segundo filho e sentia que não estava inteira para ele), tomei a decisão de que iria no túmulo do meu filho Elias e o “enterraria”. 

Quando ele nasceu, eu tive complicações no parto, e durante a cirurgiacomplexa para tentarem salvar minha vida, eu acabei por ter reações à anestesia e não pude receber alta para estar presente no enterro dele. Durante anos ignorei esse fato. Mas, quando estava ali, pude sentir que me faltara o fechamento do ciclo, eu tinha que aceitar o luto e não lutar contra ele. Simbolicamente, enterrei meu filho naquele dia, disse que o amava, que sabia que ele estava bem e que o amaria para sempre, e que o deixava ir (entendam, eu falava para mim mesma, nada tem a ver com crença sobre espíritos de pessoas que morrem e voltam, nada disso); na mesma hora, senti comose um grande peso tivesse saído de cima de mim, e a partir dali passei a ter ânimo para buscar me cuidar  e ser grata a Deus que não me deixou morrer numa sala de hospital. Eu entendi que Deus não me deixou morrer naquela sala de cirurgia para morrer em vida.  Não era o que o Senhor queria pra mim.

Como diz o profeta Jeremias, no livro de Lamentações 3:21: “Quero trazer à memória o que me pode dar esperança.”  Ou seja, se fazia necessário um esforço de minha parte para lembrar das coisas que me podia trazer esperança, renovar minha mente, alegrar meu coração. Negar a dor, o luto, só estava causando mais dor. Decidi que a partir daquele momento o dia 16 de dezembro seria o dia do meu segundo aniversário e o de Elias, de quando Deus por sua infinita bondade e misericórdia, o recolheu. E eu até então não tinha visto a bondade de Deus naquela ação, mas ela estava ali, afinal, devido às complicações no parto, ele sofreria sequelas para a vida toda. Mas Deus teve misericórdia dele e de mim.

Coisas que aprendi durante o processo de cura da depressão:

• Se eu mesma não reconhecesse que precisava de ajuda, nada e ninguém poderia me tirar daquele abismo;

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• Uma vez buscado essa ajuda, que incluía ir aos médicos, tomar os remédios para estabilizar a química no cérebro e terapia para ajudar na parte psíquica, a busca contínua para se fortalecer e a em Deus, que foi essencial, possivelmente, vinte anos depois eu ainda estaria naquele abismo que é a depressão e a síndrome do pânico.

• Entendi que deveria ter paciência comigo, não me cobrar demais e respeitar o meu tempo;

• Cuidar do meu sono e alimentação, para não gerar gatilhos;

• Reconhecer gatilhos e os evitar;

• Ser do contra. Explico: quando sentia uma tristeza e não sabia de onde ela vinha, logo sabia que era a depressão espreitando. Então, eu saia, mesmo que fosse apenas na calçada da minha casa, e só entrava quando me sentia no controle das emoções.

• Racionalizar os pensamentos. Quem tem depressão tem pensamentos acelerados, parece que a cabeça da pessoa tem um grupo de quadrilha junina o tempo inteiro na sua cabeça. Então, quando pensamentos como “você não vai saber voltar pra casa” eu dizia a mim mesma “claro que sei voltar pra casa, moro nessa cidade desde os quinze anos!” e assim por diante;

• E orar e conversar francamente com Deus, desnudando a alma e se permitindo chorar, dizer exatamente o quer dizer. Mesmo porque Ele sabe tudo o que pensamos. 

• Perdoar as pessoas que não souberam lidar comigo nos meus piores dias em que fui desagradável com eles por me sentir impaciente e não controlar minha língua, e essas pessoas se afastaram de mim. Afinal, nem eu mesma sabia o que estava sentindo e como sair daquilo, como elas iriam saber lidar comigo? 

• Se perdoar. Descobri que a base da depressão é a culpa que guardamos dentro de nós. Eu me sentia culpada por meu bebê ter morrido. Imagina, algo que eu não tivecontrole, e mesmo assim, eu me sentia culpada. Quando consegui me libertar da culpa me perdoando, as emoções contribuíram com as medicações e terapia. 

Desde então, venho aprendendo muitas outras coisas. E uma delas é que a depressão não é o fim. Não é falta de Deus. É apenas uma doença que faz parte da vida do ser humano, que pode ser por questões químicas no cérebro ou da alma, como a perda de um filho. E, em ambas, se faz necessário um esforço de quem sofre com a depressão para sair dela. É fácil? Não. Fiquei com sequelas? Sim, sofro com falhas de memória, fibromialgia e, às vezes, crises de ansiedade. Porém, hoje tenho paz e alegria. É contraditório? Parece, mas só quem viveu, ou vive, as perturbações da mente que um depressivo passa, vai entender o que é sentir paz e silêncio na mente.

Deus nos capacita a viver esta vida conforme sua boa, perfeita e agradável vontade, mas para isso acontecer, precisamos confiar Nele e lembrar de suas misericórdias para conosco, trazer à memória o que pode nos dar esperança. Como diz o escritor Max Lucado, em seu livro A Ajuda Está Aqui: “O auxílio que você precisa está aqui. Peça ao Espirito Santo que traga poder para a sua vida.” 

É o que desejo a você, caro leitor, que aceite a ajuda que Deus te concede. Através do que te contei sobre minha experiência, saiba que eu não teria sobrevivido a ela, se não tivesse buscado ajuda, principalmente de Deus, sem Ele eu não teria sido curada da depressão e muito menos estar aqui contado pra você que há esperança para sua vida. Como Deus me fortaleceu naqueles meses, se você permitir, Deu fará por você também. 

Graça e Paz de Cristo Jesus.

Com amor,

Zucleide Cruz.

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Zucleide Cruz
Zucleide Cruzhttps://autorando.com.br/zucleide-cruz/
Zucleide Cruz é escritora, formada em Administração pelo IFPB e técnica em enfermagem. Atualmente mora em João Pessoa-PB. Mãe de Zuriel Cruz e Elias Cruz (in memoriam), dedica seus textos, como cristã protestante, a promover a cura emocional, inspirar pessoas a realizarem seus sonhos e manterem a fé e a esperança vivas.
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5 COMENTÁRIOS

  1. Que história de superação linda Zucleide, fico feliz por você ter consigo ser forte, por ter escolhido viver e por compartilhar sua experiência, que com certeza irá ajudar outras pessoas a escolherem viver também. Seu filho, sua vozinha e todos que estiveram do seu lado e principalmente você estão super orgulhosos de você. Que Deus continue sendo a sua força e que você nunca esqueça de quem você é, e continue se permitindo ser um canal de amor para levar esperança para a vida das pessoas. Parabéns, você Nasceu pra ser feliz 🥰

  2. Querida Zucleide… Seu texto é de arrepiar, sinta-se abraçada! E concordo com você: só Deus nos tira do abismo. Mesmo que ás vezes achamos que Ele não está sendo justo conosco, Ele nos mostra que é nas adversidades que o cuidado dEle conosco é maior ainda… Deus é o mesmo ontem, hoje e será eternamente o nosso maior e melhor amigo sempre!
    Já senti o abraço de Jesus e Ele falando pra mim: “vai ficar tudo bem, acalme-se! Foi surreal e maravilhoso!

  3. Que história incrível! Graças a Deus que você conseguiu superar esse peso que carregava em sua vida. Que Ele continue transformando cada vez mais o seu caminho, trazendo luz e força para seguir em frente. Que sua jornada de superação inspire e seja exemplo para muitas outras pessoas que precisam de esperança e coragem.

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