Saturday, April 19, 2025
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Quando Deus é tudo o que precisamos

de tudo aquilo, de tantos pensamentos e todos lutando por atenção, porém havia um recorrente e muito, muito mesmo, persistente, mas do tipo silencioso. Se pudesse personificar este pensamento em particular seria aquele estranho na festa, alguém que ninguém sabe quem convidou, mas estava autorizado a estar ali, uma pessoa observadora, que mesmo sem dizer palavra, é difícil de ignorá-la. Assim era esse pensamento em particular.

Não que ela não soubesse que estava ali. Sim, ela sabia, mas evitava a todo custo dar atenção àquele inoportuno pensamento. Por quê? Porque ele tinha o poder de transcendê-la a um lugar de dor, de sufocamento, de lugar remediado, mas ainda não curado. Lugar de lágrimas, de fragilidade, de momento oculto aos olhos de quem quer que fosse. Um lugar particular, mas que ela não gostava de ir para lá. Mas de tempo em tempo, inevitavelmente, era onde se encontravam. 

Alguém disse a ela uma vez que seria bom olhar com cuidado esse lugar, era importante visitar e se deixar conhecer, ali. Não resistir aos sentimentos e às lágrimas, mas se deixar fluir para poder seguir. Quanto mais ignorasse àquele lugar, ele nunca deixaria de existir. OK. Mas ninguém poderia obrigá-la a ir lá todas às vezes que o pensamento chegasse… e, de tanto resistir, às vezes ela era pega de surpresa, como hoje, e acabava sendo obrigada a encarar sua dor e suas perdas. 

Prometeu a si mesma a ir lá mais vezes, falar sobre este lugar, confrontá-lo, trabalhar sua dependência e suas fragilidades. Acreditava no dia em que, no fim da festa, esse misterioso convidado, educadamente, falaria com ela e se despediria. Ela o levaria até à porta, abriria e lhe daria um “Obrigada, por sua presença. Adeus”. Não, nada de um “até logo”. Não é o tipo de persona que você deseja ver outra vez, mas é o tipo que te amadurece e te faz crescer. Por quê? Claro, esqueci de dizer que o tal estranho tinha o nome e ele se chama Sr. Dor. 

Então, passado a visita (ele ainda viria outras vezes), ela entende que precisa mudar dali, seguir em frente e abandonar suas bagagens. Superar aquele lugar seria importante. Ela prometeu a si mesma que superará. Ainda não acabou, mas já era um começo.

Este é um dos meus contos e que está em meu livro Um Olha a Mais. Quando o escrevi, foi numa madrugada que antecedia o aniversário de morte do meu filho Elias. Estava com o coração cheio de dor. E além disso, estava em conflito porque não aceitava que ainda estivesse sofrendo pela perda do meu filho. E, como cristã, acreditava que deveria entender a vontade de Deus e me conformar e, assim, tentava camuflar minha dor. 

Porém, em nenhum lugar da Bíblia está escrito que devemos camuflar, esconder ou subjugar a dor. Mas entregar a Cristo nossas dores, todos os nossos medos, angústias e aceitar o fardo Dele que é leve e aprendermos a ser mansos e humildes(Mateus 11,29).

Naquela madrugada decidi entregar minha dor e deixar ela fluir em mim, entendendo que quanto mais eu lutasse contra ela, mais forte ela se tornava. Mais importância meu psiquê dava a ela. E mais demorado seria a cura. Deus foi me trazendo estratégias e com a terapia, fui vencendo um dia por vez até a dor e saudade ser quase zero. Nunca será zero, lógico. Mas a esperança de nos encontramos no céu, com Cristo, torna tudo mais suportável e leve.

Trouxe esse texto aos amados com o intuito de que nos lembremos que a dor faz parte da existência humana, somos efêmeros, como disse o Salmista no Salmos 103:15-18: “Porque o homem, são seus dias como a erva; como a flor do campo, assim floresce; pois, passando por ela o vento, logo se vi, e o seu lugar não conhece mais.”  Logo, não tente se conter, ou se fazer de forte, porque psicologicamente isso pode te levar a um esgotamento, como a depressão (foi o meu caso, como já contei a vocês), a problemas digestivo, crises de ansiedade e por aí vai.

Deus sabe que somos pó. Deus nos conhece e não espera que sejamos imbatíveis, sozinhos, mas que o convidemos a fazer parte dos quartos escuros de nossa mente, do nosso psiquê, a fim de que sua Luz dissipe essas trevas.

Não tenha medo de ser você mesmo diante de Deus. Ele te ama e quer que você conheça a sua paz que excede todo o entendimento.

Esqueci meu filho? Lógico que não. Sofro com perda dele? Não mais. Porque sei que o verei no céu. Sinto saudades? Sim, sempre sentirei, mas isso não me deixa mais doente.

Desejo que você entenda isso e se permita viver o Amor e a Paz de Cristo.


Fica firme. Fica vivo. Fica na paz de Deus. 

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Zucleide Cruz
Zucleide Cruzhttps://autorando.com.br/zucleide-cruz/
Zucleide Cruz é escritora, formada em Administração pelo IFPB e técnica em enfermagem. Atualmente mora em João Pessoa-PB. Mãe de Zuriel Cruz e Elias Cruz (in memoriam), dedica seus textos, como cristã protestante, a promover a cura emocional, inspirar pessoas a realizarem seus sonhos e manterem a fé e a esperança vivas.
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