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Os “Deuses” de Tela

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Eu, Paulo, vejo a Corinto de hoje não nas pedras e templos, mas nas telas digitais que nos cercam. Corinto… Ah, Corinto, aquela miscelânea de culturas, crenças e vaidades. Fecho os olhos e, na mente, não vejo apenas os rostos dos coríntios, mas também as telas brilhantes que piscam em cada canto do mundo. Será que mudou tanto assim desde então?

As palavras ecoavam em minha mente, questionando se Cristo estaria dividido (1Co 1, 10-13). Naquele tempo, as pessoas se identificavam com diferentes líderes, como se a verdade pudesse ser fragmentada em diferentes lealdades. E hoje? As redes sociais, vastos oceanos eletrônicos, ecoam com os mesmos murmúrios de lealdade, mas os ídolos mudaram.

Agora, os altares são virtuais, as oferendas são likes e compartilhamentos. E os novos deuses? Ah, os influencers, os gurus da tecnologia, os salvadores da pátria virtual, e também os autoproclamados “checadores da verdade”, que silenciam vozes dissonantes, e os algoritmos que cerceiam a livre expressão. Rostos perfeitos, discursos envolventes, promessas de um futuro melhor, tudo ao alcance de um clique. Mas a que preço? Será que não percebem? Trocam a eternidade por meros segundos de fama, a verdade pela ilusão de uma vida perfeita?

Observo as pessoas, os rostos colados às telas, buscando desesperadamente por aprovação, por um lugar ao sol na esfera digital. Eles não percebem que essa busca é um labirinto sem saída? Que a validação dos outros nunca preencherá o vazio em seus corações? Que a verdadeira luz, a verdadeira aprovação, vem de outro lugar?… de Deus? Será que nem sequer pensam nisso?

— Somos apenas servos (1Co 3, 4-7) — digo, como se para as sombras que se alongam pelas paredes. Mas parece que a lição se perdeu no meio do barulho online.

A tecnologia… poderosa ferramenta, sutil armadilha. Conhecimento, conexão, mas também isolamento, superficialidade, idolatria. Tudo ao toque, mas quem guia? Que valores se propagam? Verdade ou mera opinião?

— Onde está o discernimento? Onde está a busca pela sabedoria? — pergunto ao vento noturno.

Lembro-me quando a multidão quis adorar a mim e a Barnabé como deuses (At 14:11-18). Rasgamos as vestes, horrorizados com a ideia. E hoje? Quantos aceitam de bom grado a adoração, sem se importar com o preço?

— Eu não busco a glória dos homens (1Ts 2, 5-6) — digo, como um eco de minhas palavras de outrora. Mas quem me ouve neste mundo virtual?

O scroll infinito, a busca por mais, por melhor, por likes, por seguidores… Será que eles entendem que tudo isso é efêmero? Que a verdadeira recompensa está em outro lugar? Que a vida, a vida verdadeira, é muito mais do que uma coleção de bits e bytes?

— Ah, Corinto… os nomes mudaram, os rostos são outros, mas a essência permanece a mesma — concluo, antes de apagar a tela do smartphone. A noite engole o quarto, mas as palavras continuam a ecoar, como um chamado à reflexão, um convite a despertar.

Em qua., 12 de fev. de 2025 às 07:19, Roberto Böck <rfbock> escreveu:

O Aprendiz Digital

Sou DigitalerLehrling, um nome que evidencia minha paixão pelas palavras e pelo conhecimento. Minha vida se entrelaça com a busca incessante por sabedoria e o desejo de compartilhá-la. No mundo digital, encontrei meu habitat natural. A internet, para mim, é a nova biblioteca de Alexandria.

Meu Ambiente Pessoal de Aprendizagem (APA) reflete essa paixão. Aplicativos de anotações, plataformas de perquisa, cursos online, redes sociais… Tudo se conecta em um fluxo constante de informações. Mas não sou apenas um mero acumulador de dados. A curadoria digital é essencial, o que envolve selecionar, filtrar e analisar criticamente cada informação.

Em minha mente, ecoa um ensinamento ancestral: “O coração do sábio adquire o conhecimento, e o ouvido dos sábios procura o saber” (Pv 18, 15). A sabedoria não reside na quantidade de dados, mas sim na capacidade de discernir e transformar a informação bruta em entendimento profundo. E o APA me oferece as ferramentas para isso.

Porém, o aprendizado individual é incompleto. É preciso compartilhar, interagir, construir conhecimento em conjunto. Meu Ambiente Coletivo de Aprendizagem (ACA) é um espaço de colaboração onde me conecto com outros aprendizes. Lá, trocamos ideias, experiências e dúvidas. Grupos de mensagens, fóruns, videoconferências… As tecnologias digitais nos aproximam, transcendendo as barreiras do tempo e do espaço.

A alma do aprendiz se aperfeiçoa no contato com o outro, na troca de ideias e experiências (Pv 27, 17). No ACA, a troca é constante e dinâmica, enriquecendo a todos, enquanto aprendo e compartilho o que sei.

E, claro, há o Ambiente Virtual de Ensino (AVE), onde o aprendizado se desdobra de maneiras inesperadas. Plataformas de ensino a distância, aplicativos educacionais, ferramentas de videoconferência… Os smartphones se transformam em salas de aula portáteis, acessíveis a qualquer hora, em qualquer lugar. O AVE, como um palco inacabado, permite que a criatividade se liberte das amarras do tempo e do espaço.

Lembro-me de Jesus, o mestre por excelência, que utilizava parábolas e histórias do cotidiano para ensinar, tocando os corações e as mentes de seus ouvintes. Hoje, as tecnologias digitais nos permitem seguir seus passos, criando experiências de aprendizado interativas e personalizadas que, assim como as parábolas, conectam-se com a realidade e as necessidades de cada aprendiz. O AVE é onde a criatividade encontra ferramentas para alcançar novos horizontes, assim como Jesus usou a criatividade para comunicar a verdade eterna de forma acessível.

Mas a tecnologia não é uma panaceia. Não se deixe seduzir pela ilusão de um saber instantâneo, sem profundidade. Cuidado com a superficialidade, com a dispersão, com a fragmentação do conhecimento. Pois, como está escrito: “Não abandone a sabedoria, e ela guardará você; ame-a, e ela o protegerá. O princípio da sabedoria é: adquira a sabedoria; sim, com tudo o que você possui, adquira o entendimento” (Pv 4, 6-8). A verdadeira sabedoria é um tesouro escondido, não uma mercadoria descartável. E é ela que deve ser o alicerce de nossa educação, não o conhecimento vazio e efêmero.

A tecnologia, então, não deve ser apenas uma ferramenta para adquirir saberes, mas um meio para forjar algo mais profundo: a sabedoria que transcende o imediato e nos conecta. O verdadeiro desafio do século 21 não é dominar a máquina, mas ser dominado pela sabedoria. A sabedoria é o fim, a tecnologia é apenas um meio.

Em ter., 4 de fev. de 2025 às 14:18, Roberto Böck <rfbock> escreveu:

Inquebrantável

Na sala escura de um interrogatório virtual, onde apenas o brilho espectral das telas ilumina os rostos ocultos, um homem se posiciona diante de seus inquisidores. Ele não tem medo. Sua voz corta os dados pulsantes do ambiente digital, fluindo como um rio de fogo:

— Por isso, o Pai me ama, porque dou a minha vida para a reassumir. Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou (Jo 10, 17-18).

O silêncio é cortante. Os avatares hesitam. Em um universo onde tudo pode ser relativizado, como alguém ousa reivindicar algo absoluto?

Na rede mundial, onde informações são moldadas e filtradas, a história de um homem que veio para morrer soa como um erro de programação. Mas ele declara de maneira inegável:

— Eu não vim para ser servido, mas para servir e dar a minha vida em resgate por muitos (Mc 10, 45).

Nos algoritmos incessantes que tentam converter todas as crenças em uma só, essa afirmação permanece um código inquebrantável. Quem é esse que não se encaixa nas equações das religiões humanas? Que não pode ser reduzido a um conceito genérico de moralidade?

Um dos inquisidores virtuais, enfim, se pronuncia, tentando refutar a singularidade daquele nome. Mas a voz do homem replica, firme:

— Está escrito que eu haveria de sofrer e ressuscitar dos mortos no terceiro dia (Lc 24, 46).

Como contestar isso? Se todas as verdades são relativas, por que tanto esforço para silenciar essa? O paradoxo é evidente: se ele é apenas mais um, por que sua palavra desafia tanto os algoritmos da era digital?

Nos arquivos ocultos das profundezas da rede, um dado é irrefutável. Desde as arenas romanas até os becos sombrios do século 21, seus seguidores escolhem morrer em vez de negar sua fé. Um deles, há séculos, perante as autoridades, bradou:

— Estou sendo julgado pela esperança da ressurreição dos mortos (At 23, 6).

Perante governadores e reis, insistiu que essa esperança não é uma ilusão, mas um fato inquestionável (At 24, 15; 26, 6-8). O que faz com que, na era da inteligência artificial e da replicação digital, ainda haja aqueles que prefiram desaparecer da história a negar esse homem?

Na sala virtual, o debate se intensifica. O homem expõe a maior falha nos sistemas de pensamento contemporâneos: a tentativa de dissolver a identidade dele na poeira das ideologias. Mas ele permanece inigualável. Ele ressuscitou. E a ressurreição não é uma metáfora conveniente, mas um evento que altera a estrutura da realidade (1Co 15). O código-mestre do universo foi reescrito, um dado que nenhuma IA ou sistema de aprendizado de máquina pode processar sem corromper sua própria lógica. Ele transcende o tempo e a matéria.

Quando a conexão cai e as telas se apagam, uma certeza permanece. Em um mundo onde tudo pode ser desconstruído, há uma verdade que resiste: ele não pode ser reduzido. E assim como no passado, o preço por reconhecê-lo ainda é alto. Mas aqueles que conhecem a ressurreição não temem os algoritmos nem as sombras que tentam obscurecer sua luz.

Pois ele vive. E ninguém pode apagar o que está escrito desde a eternidade

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