A tela do computador irradiava uma luz fria, quase clínica, sobre o rosto de John John. Seus olhos, antes cheios de esperança, agora carregavam o peso de mil noites insones. Ele era o Leproso da Internet. Não, sua pele não estava coberta de chagas visíveis, mas seu espírito estava marcado pelas cicatrizes invisíveis do ostracismo digital. Tudo começou com uma simples postagem, uma tentativa sincera de compartilhar sua fé.
— Bem-aventurados os perseguidos devido à justiça, porque deles é o Reino dos Céus (Mt 5, 10). Ele pensou que suas palavras seriam um farol, mas se tornaram um para-raios. Por que pensei que seria diferente aqui?, pensou, enquanto rolava a tela, vendo os comentários venenosos.
— Fanático.
— Retrógrado.
— Ignorante.
As palavras o atingiam como pedras, cada uma mais dolorosa que a anterior. O linchamento digital começou rápido, implacável. Seus seguidores diminuíram, seus amigos virtuais o abandonaram. Ele foi cancelado, banido de grupos e silenciado em fóruns. Era como se, de repente, ele não existisse mais.
— Se o mundo odeia vocês, saibam que, antes de odiar vocês, odiou a mim. (Jo 15, 18), murmurou John John, tentando encontrar consolo nas palavras de Cristo. Mas a solidão era esmagadora. Ele se sentia como o leproso dos tempos bíblicos, isolado, impuro, amaldiçoado. As notificações não traziam mais mensagens de apoio, somente insultos e ameaças. Ele se perguntava se Deus o havia abandonado também. Será que estou errado? Será que devo me calar?
Uma noite, John John recebeu uma mensagem privada de um perfil desconhecido.
— Não tema, porque estou com você; não fique com medo, porque sou o seu Deus. Eu lhe dou forças. (Is 41, 10).
A mensagem era simples, mas carregada de poder. Ele sentiu uma onda de esperança invadi-lo. Quem é essa pessoa? Clicou no perfil, mas não havia foto, nem informações.
Os dias seguintes foram uma montanha-russa emocional. As críticas continuaram, mas a mensagem misteriosa o encorajou a persistir. Ele começou a responder com amor, citando as Escrituras, oferecendo perdão. Para sua surpresa, algumas pessoas começaram a mudar de opinião. Alguns pediram desculpas, outros fizeram perguntas sinceras.
Uma noite, durante uma transmissão ao vivo, John John compartilhou seu testemunho. Ele falou sobre a dor do ostracismo, a dúvida, a solidão. Mas também falou sobre a esperança, a fé, o amor incondicional de Cristo. No final da transmissão, o chat estava inundado de mensagens de apoio. Muitas pessoas compartilharam que também haviam sido perseguidas por sua fé. Eles se sentiam como leprosos digitais, mas agora sabiam que não estavam sozinhos.
Então, no meio do chat, uma mensagem chamou a atenção de John John. Era do perfil desconhecido.
— Lembrem-se da palavra que eu disse a vocês: o servo não é maior do que seu senhor. Se perseguiram a mim, também perseguirão vocês; se guardaram a minha palavra, também guardarão a de vocês. (Jo 15, 20).
Ele sentiu um arrepio, pois sabia que era um aviso, mas também uma promessa. A perseguição não havia terminado, mas ele não estava mais sozinho. Ele tinha uma comunidade, uma família, um propósito.
John John sorriu. Ele não era mais o Leproso da Internet. Era um mensageiro, um farol, um portador da verdade. Estou com vocês todos os dias até o fim dos tempos, (Mt 28, 20), as palavras de Jesus ecoaram em sua mente, preenchendo-o com uma paz profunda e uma determinação renovada.